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A Lenda do Falso Herói [Novel] Capítulo 00

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A Lenda do Falso Herói

 

Tradutor — Liam [D.] 

 

 

Prólogo 一 Falso

 

Aviso de Gatilho: Este capítulo contém descrições da morte de uma criança.

 

“Era uma vez, minha avó me contou uma história…” A voz de uma criança mal chegava aos meus ouvidos.

 

Embainhando a Grande Espada Sagrada, Ardamantel, ajoelhei-me ao lado dele.

 

A criança se esforçou para dizer: “Quando o abismo domina o mundo… os deuses… enviam um herói…”

 

Foi obra de um uruk. Parecia que uma maça tinha esmagado a coluna do garoto. Mesmo que ele sobrevivesse milagrosamente, nunca mais conseguiria andar.

 

“Você é esse herói, né…?” o menino perguntou.

 

‘Herói, hein…?’ Balancei a cabeça amargamente. Era um termo esquecido que não podia existir naquela terra de lágrimas que até os deuses haviam abandonado.

 

“Mas… como você…” A criança olhou por cima do meu ombro para onde estavam espalhados, como lixo, os corpos de mais de uma centena de soldados avançados dos uruks que eu havia abatido.

 

“Sim, eu matei eles,” respondi, “mas sou um falso.”

 

“Falso…?”

 

O Guerreiro deveria ser alguém capaz de selar o abismo e trazer a Era da Luz durante a Era Mítica. Infelizmente, eu não era digno de ser escolhido pelos deuses. Acima de tudo, o mundo não era nem de longe gentil ou bondoso o suficiente para tais seres nascerem em cada era.

 

“Na Igreja do Dragão Louco, falsos como eu são chamados de ‘Falsos Guerreiros’,” expliquei. Como o nome sugeria, significava literalmente que eu era um falso—um herói criado artificialmente, a cristalização da tentativa desesperada da humanidade de resistir à crueldade do destino.

 

“Isso significa que não tenho o poder de te dar o que você deseja.” Eu não podia reviver os mortos. Nem mesmo dividir o mar com um único golpe. Todos esses feitos eram histórias da Era Mítica—histórias de verdadeiros heróis. Eu era um falso, afinal.

 

“E-então… eles vão continuar vivendo como quiserem… sem punição…?” o garoto perguntou, lutando para falar.

 

Matar, roubar, saquear… essas ações eram normais para o abismo e seus servos, tirando vidas preciosas da humanidade. Era como se desprezassem os esforços daqueles que tentavam viver cada dia ao máximo.

 

“Minha mãe, pai, avó, irmão, e todo mundo na vila estão mortos… ainda assim…” A criança começou a chorar baixinho.

 

Logo ele não conseguiria mais respirar, então de onde poderiam vir tais lamentos desesperados e tristes?

 

“Eu estou com raiva… no fim… não há nada que eu possa fazer além de chorar…” ele lamentou.

 

Eu conseguia me ver como uma criança chorando sobre o corpo do garoto. Assim como ele, houve um tempo em que os céus tiraram tudo de mim, e eu não podia fazer nada além de chorar enquanto eles riam.

 

“S-se… eu também tivesse alguma força como você…”

 

O que ele queria? Queria viver ou ser consolado em seus últimos momentos? Eu não conseguia entender. Como eu não sabia, só havia uma coisa que eu podia fazer por ele…

 

“O que quer que você deseje… eu provavelmente não conseguirei realizar milagres irreais.” Segurei a mão trêmula que ele estendeu para mim enquanto a morte se aproximava. “Mas posso te prometer uma coisa…”

 

“…?”

 

“Eu vou retribuir a eles por tudo o que fizeram com você e sua família.”

 

Muito lentamente e de forma quase imperceptível, o pulso acelerado do garoto que eu sentia através de nossas mãos entrelaçadas foi enfraquecendo até parar.

 

“…” Cuidadosamente, coloquei a mão da criança no chão e soltei um breve suspiro.

 

Era verão, a estação na qual as cinzas vulcânicas tingiam o mundo de preto. Nessa época, os corvos pousavam sobre os mortos e se banqueteavam com sua carne.

 

Foi quando vozes que pareciam metais raspando ecoaram.

 

“Kisayka o tto shiem?”

 

“Olbera shi ge meruk.”

 

Quando olhei para trás, como eu esperava, vi mais uruks. Suas armaduras tilintavam enquanto eles invadiam a vila, e o olhar em seus olhos era diferente—raiva pelo companheiro morto e interesse em um adversário tão forte.

 

Não havia absolutamente nenhum sinal de culpa pelas pessoas que haviam saqueado e matado.

 

Sim. Eles sempre foram assim.

 

Shhhhk—

 

A Grande Espada Sagrada, Ardamantel, quase explodiu da bainha enquanto vazava uma feroz aura vermelha.

 

“Kishiro mao karedan da?!” um deles perguntou, cauteloso, querendo saber quem eu era.

 

Respondi, “Eu sou Kaisen Alter Ardamantel.”

 

Ardamantel era o nome da espada sagrada. Meu nome do meio, ‘Alter’, era uma palavra antiga dada a um Falso Guerreiro, significando um substituto.

 

Portanto, meu nome era ‘Kaisen, o portador substituto de Ardamantel’.

 

“E eu vou matar vocês.”

 

Meu nome bruto e grito desesperado foram o destino que criei para mim no dia em que o sol e a lua se esconderam de medo enquanto apenas as estrelas olhavam para meus olhos cheios de lágrimas com um riso cruel.

 

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